Conselho Nacional de Igrejas elege, pela primeira vez, uma mulher como presidente
Reverenda Magda Guedes Pereita, bispa coadjutora em Curitiba, PR, eleita a primeira mulher presidente do CONIC
POR ROSINHA MARTINS
Reunido em Assembleia Geral Ordinária nos dias 15 a 17 de junho de 2023, no Instituto São Boaventura, Brasília, DF, o Conselho Nacional de Igrejas (CONIC) elegeu, pela primeira vez, em 40 anos, uma mulher como presidente. Trata-se da bispa Magda Guedes Pereira, Diocesana da Diocese Anglicana do Paraná.
Para a Rev. Magda, a eleição de uma mulher para o Conselho Nacional de Igrejas faz todo sentido uma vez que todas as igrejas que compõem esta instituição são lideradas por mulheres nos diversos contextos de ministérios, de grupos ou de pastorais e há 40 anos não se tinha elegido uma mulher. “Recebo essa função como um grande desafio na minha vida, no meu ministério, um compromisso no meu ministério para fortalecer a caminhada que o CONIC já faz nestes 40 anos”, afirmou.
Ainda, segundo a bispa, esta missão se torna um desafio devido ao contexto social misógino e pelo fato de que, há 40 anos, o Conselho Nacional de Igrejas tem revelado um rosto comprometido com as causas sociais e de luta por direitos. “É um desafio, estar junto às minhas irmãs da minha igreja episcopal Anglicana do Brasil e de outras igrejas, como também, continuar o processo de luta para que tenhamos sempre o direito de igualdade. Jamais queremos ser mais ou estar a frente, mas caminharmos juntos, lado a lado”.
Ouça a íntegra da mensagem da Reverenda Magda
A Assembleia elegeu, ainda, como vice-presidente, Dom Manuel João Francisco (Igreja Católica Apostólica Romana- ICAR), segunda vice-presidente, a pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana Patrícia Bauer (IECLB), secretária, Josileide José dos Santos, da Aliança de Batistas do Brasil (ABB) e para a tesouraria, Lucas Colucio, da Igreja Presbiteriana Unida (IPU).
Por sua vez, o Conselho Fiscal foi composto por padre José Bizon (ICAR) e Reverendo Nilo Trindade Júnior (IEAB), pastor Bruno Moreira da Silva Clemente (ABB). Na suplência, Edoarda S. Scherer (ICAR), o pastor Mayrinkellison Peres Wanderley (ABB) e Ema Marta Dunck (IECLB).
“Aprendei a fazer o bem, praticai a justiça” (Is 1,17) – Rumo aos 1700 anos do Concílio de Niceia
Momento chave da Assembleia, que antecedeu a eleição da nova presidência, foi o debate sobre o Concílio de Niceia, a saber,- primeiro concílio de cunho ecumênico que está prestes a completar 1700 anos-, e suas influências e implicações para o caminhar das Igrejas cristãs no contexto atual. Assessoraram esta temática o teólogo e pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil(IECLB), de Goiânia, GO, o pastor Felipe Gustavo Koch Buttelli e a teóloga e pastora da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), Rev. Bianca Daebs.
O pastor Felipe Buttelli abordou elementos provocativos sobre o debate teológico e as questões do contexto histórico do Concílio de Nicéia para a realidade atual de diálogo ecumênico e ressaltou que Niceia é o berço da Igreja Ecumênica e debater sobre este concílio não deixa de ser uma forma de conversar sobre a vivência do movimento ecumênico hoje. “O concílio nos provoca a pensar sobre como garantir a unidade, como viver na diversidade, qual o formato de Igreja precisamos, como refletir sobre o processo colonial que ainda vivenciamos, como respondemos a esse processo como povo, como Igrejas”.
A Rev. Bianca Daebs enfatizou os desafios e esperanças a partir das reflexões dos grupos sobre o Concílio de Niceia e dos contextos sociais atuais no Brasil, chamando a atenção sobre o que as Igrejas estão propondo para resistir aos modelos colonizadores. “Somos Igreja de contestação ou de legitimação?”, questionou. “O ecumenismo é um movimento periférico porque questiona as estruturas de poder hierárquico eclesial que abandona a voz profética. “O Movimento Ecumênico está para além das estruturas formais das Igrejas, das comunidades de fé. Está nas bases, porque intrinsecamente ligado ao cotidiano das pessoas”, ressaltou. Finalizou sua reflexão com vídeo “Tapiri: ecumenismo e diálogo interreligioso com comunidades indígenas”.
Composição da Assembleia
A XX Assembleia Geral Ordinária do CONIC foi constituída por delegados e delegadas ( religiosas, sacerdotes e leigos) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB), delegados dos Regionais do Conic, Fundação Luterana e Diaconia (FLD), Centro Ecumênico de Formação e Educação Comunitária (Profec), Koinonia, Conselho Latino Americano de Igrejas (Clai/Brasil) e Movimento dos Focolares, Comissão Teológica e representantes dos seus membros fraternos, Centro de Estudos Bíblicos (Cebi), Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese) e Centro Ecumênico de Serviço à Evangelização e à Educação Popular (Ceseep), Comissão Episcopal para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso e do Grupo de Reflexão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso (Gredire), da CNBB.
Delegados e delegadas para a Assembleia pela Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR)
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