Dia Mundial da África: fazer memória e continuar a luta contra o racismo
Rosa Martins
RM Notícias
O dia 25 de maio é celebrado como o Dia Mundial da África. Antes, denominado Dia da Liberdade de África e Dia da Libertação de África), a data comemora a fundação da Organização da Unidade Africana (OUA), hoje conhecida como União Africana, realizada a 25 de maio de 1963.
No Brasil impera o racismo estrutural que dizima as comunidades afrodescendentes
Para as comunidades afrodescendentes e as pessoas de boa vontade, o Dia Mundial da África é uma data importante para discutir o resgate e a ressignificação de uma história ancestral invisível numa sociedade marcada pelo racismo estrutural que dizima os afrodescendentes em todo o país.
Nos últimos dez anos as manifestações racistas têm crescido no Brasil, graças, também, ao avanço das novas tecnologias de comunicação, do neopentecostalismo, do consevadorismo e do fundamentalismo, que têm aberto possibilidade jamais vistas antes para quem quer expressar o que tem de pior como ser humano.
Por ocasião das enchentes no sul do Brasil uma avalanche de ataque aos deuses africanos como responsáveis pelas tragédias tem irritado os afrodescententes que no país já somam 57%. Esses ataques revelam o quanto o Brasil ainda é, no séc. 21, um território marcadamente racista. É o racismo estrutural mascarado pelos elementos da fé.
Sobre o racismo religioso, a antropóloga Ana Paula Miranda da Universidade Federal Fluminense (UFF) é enfática ao afirmar que o ataque às religiões de matriz africana, mesmo que o agressor não explicite o seu racismo, ele está lá. À primeira vista, a motivação é religiosa, mas o que está por trás é a discriminação racial. Ainda segundo a antropóloga, nas discussões internacionais entende-se esse tipo de ação como crime de ódio, uma classificação que surgiu motivada pelo Holocausto judaico.
A fala do padre Leonardo Lucian Dall’Osto, da Diocese de Caxias do Sul, RS, são esclarecedoras. Assista:
Dia Mundial da África: história
Cinco anos após o Primeiro Congresso, a 25 de maio de 1963, representantes de trinta países africanos reuniram-se em Adis Abeba, na Etiópia, a Organização da Unidade Africana foi fundada, com o objetivo inicial de incentivar a descolonização de Angola, Moçambique, África do Sul e Rodésia do Sul. A organização comprometeu-se a apoiar o trabalho realizado por combatentes da liberdade, e remover o acesso militar às nações coloniais. Foi estabelecido uma carta de princípios que procurou melhorar os padrões de vida entre os estados-membros.
Conselheira do Secretariado Geral da ONU para a África, Cristina Duarte questiona o fato de em pleno século 21, o continente africano manter 600 mil pessoas sem energia elétrica. Assista:
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