“Francisco não é um Papa para a Igreja, mas um animador espiritual para o mundo”

Padre Márcio Fabri dos Anjos, C.Ss.R

POR ROSINHA MARTINS

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O missionário redentorista, teólogo e bioeticista, padre Márcio Fabri dos Anjos, revela que tem muito a agradecer muito a Deus nestes 10 anos de pontificado de Francisco, como também, o privilégio de que tem a Igreja e o mundo de viver neste tempo sob a sua liderança espiritual.

Um Papa despojado

Fabri relata que em Francisco o impressiona o seu despojamento que se desencadeia em atos concretos de mudanças e de profecia. “Papa Francisco ao escolher o nome de Francisco, escolheu também uma linha de pontificado, que me impressiona muito: o despojamento, especialmente o despojamento do poder. Ele não se prevalece do poder, não se apresenta como Sumo Pontífice, mas como discípulo, aprendiz, mas encarregado de animar os outros discípulos e discípulas que somos nós. Este despojamento é regra básica”, enfatiza.

Liberdade para lidar com as discriminações

O teólogo acrescenta a insistência de Francisco em superar o clericalismo que, infelizmente está muito forte entre nós. “Mas Francisco, diante disso, tem uma liberdade muito grande para lidar com as discriminações, inclusive discriminações em assuntos proibidos, como por exemplo, a sexualidade, as diferenças de gênero, ele entra nisso com uma tranquilidade”.

Francisco não é mais rápido na resolução dessas questões, segundo padre Márcio, “porque precisa dar um tempo para não provocar uma cisma, uma comoção maior, dar um pouco mais de tempo para que as coisas se acertem”.

Um Papa que dialoga com o mundo

A capacidade do Papa de dialogar com o mundo é impressionante para padre Márcio. “não é só um Papa para a Igreja. Ele é um animador espiritual para o mundo. Assume as questões ecológicas, mostra a relação entre o ecológico e o socioambiental, mostra a relação da economia e seu impacto em toda a nossa vida, Fratelli Tutti, Laudato Sì, são duas grandes encíclicas que sintetizam um pouco isso. Francisco dialoga muito com as ciências, até com a inteligência artificial (tem entrado em contato com a UNESCO e a Academia de Ciências do Vaticano) para não deixar estas coisas passarem sem que acompanhemos o mundo nestes grandes passos”.

E conclui abençoando o Santo Padre. “Francisco, muito bênção para você, muitas bênçãos para todos nós nestes tempos difíceis”.