Francisco pede ajuda aos jornalistas para a erradicação do abuso sexual na Igreja
Papa Francisco com jornalistas durante viagem de retorno do Brasil a Roma. Catholicworldreport.com/ Foto: julho de 2013
POR ROSINHA MARTINS
O Papa Francisco enviou nesta quarta, 19 de abril, uma mensagem aos jornalistas reunidos em Roma para um encontro intitulado ‘Das trevas à luz: uma discussão aprofundada sobre o jornalismo e o seu papel em relação ao abuso sexual na Igreja’.
Na mensagem Francisco se revela convicto de que as experiências dos profissionais da comunicação podem ajudar a esclarecer os fatos referentes ao que chamou de ‘flagelo do abuso’ sexual presente na Igreja Católica e conta com a colaboração destes nesta tarefa da Igreja. “Francisco confia que as vossas discussões e experiências partilhadas com jornalistas, sobreviventes e peritos ajudarão a lançar mais luz sobre o flagelo do abuso e a promover uma maior cooperação eficaz no seio da Igreja e da sociedade em geral para erradicar este mal profundo”, diz trecho da mensagem assinada pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, dirigida a Hans Zollner, diretor do Instituto para a Proteção de Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Francisco agradece aos jornalistas
Na mensagem Francisco deixa transparecer o seu reconhecimento de que o jornalismo tem um papel fundamental e valioso de colaboração na promoção da verdade e da proteção da dignidade humana no que se refere a esta chaga que macula a Igreja, os abusos. “O Papa expressa a sua gratidão pelos seus contínuos esforços para promover a transparência, restaurar a dignidade e a esperança aos sobreviventes de abusos, e assegurar o bem-estar de todos os filhos de Deus”.
Sobre o evento
O encontro de jornalistas que acontece por ocasião do 20º aniversário do Prémio Pulitzer atribuído em 2003 a jornalistas da equipe 'Spotlight' do Boston Globe por terem descoberto décadas de abuso sexual de menores por membros do clero da Arquidiocese de Boston, é promovido pela Associação Internacional de Jornalistas acreditada junto do Vaticano (Aigav), em colaboração com o Instituto de Antropologia da Pontifícia Universidade Gregoriana.
“Francisco é um exemplo da atitude que a Igreja deve ter”
Em uma reportagem de Elizabetta Piqué, publicada em La Nación, o psicólogo e teólogo, Hans Zollner,- que acaba de se demitir da função de diretor do Instituto para a Proteção de Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma-, exaltou os gestos e as atitudes de caridade e humanidade de Francisco para com as vítimas de abuso. Revelou ter sido testemunha ocular de como o Papa Francisco leva tempo e escuta as vítimas. “Ele é um exemplo da atitude que a Igreja deve ter, alguns às vezes não querem escutar. Se a Igreja não servir os últimos, os feridos, como as vítimas de abusos, não faz sentido”, afirmou.
Zollner disse, ainda que “muitas vítimas já não esperam nada, mas muitas outras ainda querem encontrar uma imagem humana da Igreja e a maior dor é que não a encontram”.
Afirmou, também, que “a Igreja não está acostumada com a linguagem dessas três palavras - transparência, respeito às regras e responsabilidade -, e não se trata de direita ou esquerda, de liberais ou conservadores. Não é uma questão de partido, mas de atitude”.
Resistência por parte da Igreja
O psicólogo afirmou, também, que ainda há resistência dentro da Igreja em relação ao combate aos abusos. “Embora tenha aumentado o empenho de muitos nessa questão, tem muita gente que trabalha e a rede cresceu enormemente, tem quem atrapalhe. E as vítimas continuam a ter a impressão de que não são ouvidas”.
Fonte: RM Notícias
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