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Foto do escritorRosinha Martins

Imigrantes perdem a vida em travessia no Mediterrâneo


Migrantes resgatados do naufrágio neste domingo, 26 de fevereiro de 2023. Foto: AP


POR ROSINHA MARTINS


Cerca de 60 refugiados morreram na travessia no Mediterrâneo neste domingo 26, devido a um acidente envolvendo um barco sobrecarregado que colidiu com recifes e se partiu perto da cidade de Crotone, no sul de Itália.


De acordo com a TV estatal da aldeia de Steccato di Cutro, uma embarcação de 20 metros de comprimento, partiu há cinco dias da Turquia com mais de 200 passageiros. A Guarda Costeira italiana, - que coordena o salvamento-, afirma que cerca de 120 migrantes teriam estado a bordo.


Segundo as autoridades italianas uma operação de salvamento envolvendo um helicóptero e aviões da polícia, e embarcações dos bombeiros do Estado, a guarda costeira e a polícia de fronteira, atuavam neste domingo. Os pescadores locais também se juntaram na busca de sobreviventes.


Salva-vidas lutaram contra rajadas de vento e ondas imensas enquanto levavam um corpo a terra. Um padre local disse ter abençoado corpos enquanto ainda estavam deitados na praia. Um sobrevivente foi levado sob custódia para interrogatório depois de os sobreviventes indicarem que era um traficante, disse a RAI State TV.


Numa declaração divulgada, a primeira ministra italiana, Gorgia Meloni expressou “o seu profundo pesar pelas muitas vidas humanas arrancadas por traficantes de seres humanos”. “É desumano trocar as vidas de homens, mulheres e crianças pelo 'preço' de um bilhete pago por eles na falsa perspectiva de uma viagem segura”, disse a ministra do partido de extrema direita anti-migrante.

Meloni prometeu lutar contra o contrabando de imigrantes e conta com a ajuda da União Europeia nesta tarefa.



Uma enorme tragédia


Alguns dos sobreviventes tentaram manter-se quentes, envoltos em cobertores e colchas e foram levados para um abrigo temporário.

Segundo a TV estatal 22 sobreviventes foram levados para o hospital para tratamento.

Um barco a motor da guarda costeira salvou dois homens que sofriam de hipotermia e recuperou o corpo de um rapaz nos mares agitados. Os barcos de bombeiros, incluindo os mergulhadores de resgate, recuperaram 28 corpos, incluindo três puxados por uma forte corrente afastada dos destroços.

Entre os mortos encontravam-se um rapaz de 8 anos e um bebê de alguns meses, de acordo com as notícias italianas.


Na praça São Pedro, o Papa Francisco lamentou que crianças estivessem entre as vítimas dos naufrágios. “Rezo por cada um deles, pelos desaparecidos e pelos outros migrantes que sobreviveram”. O pontífice acrescentou que também reza pela equipe de resgate e por aqueles que acolhem os migrantes.


“É uma enorme tragédia”, disse o Presidente à TV italiana RAI. “Em solidariedade, a cidade vai encontrar lugares no cemitério" para os mortos”, afirmou.


Os detalhes sobre as nacionalidades dos migrantes não foram imediatamente fornecidos nos relatórios.

Também não estava claro de onde tinha partido o barco, mas os barcos de migrantes que chegavam à Calábria geralmente partem das costas turcas ou egípcias. Muitos destes barcos, incluindo veleiros, chegam frequentemente a extensões remotas da longa costa sul de Itália sem a ajuda da guarda costeira ou de embarcações de salvamento humanitário.


Outra rota marítima utilizada pelos traficantes, considerada entre as mais mortíferas para a migração, atravessa o Mar Mediterrâneo central a partir da costa da Líbia, onde os migrantes enfrentam, frequentemente, condições brutais de detenção durante meses, antes de poderem embarcar em barcos de borracha ou barcos de pesca de madeira envelhecidos em direção às costas italianas.


A maioria dos migrantes que partem da Líbia fogem da pobreza na África subsaariana ou em países asiáticos, incluindo Bangladesh e Paquistão, e não da guerra ou perseguição, e correm o risco de ter ofertas de asilo negadas pelas autoridades italianas.


Uma outra rota muito utilizada pelos barcos dos traficantes começa nas costas da Tunísia, rumo à ilha italiana de Lampedusa, ou praias da Sardenha, muitas vezes sem necessidade de resgate.

O governo de Meloni concentrou-se em complicar os esforços dos barcos humanitários para efetuar múltiplos salvamentos no Mediterrâneo central, atribuindo-lhes portos de desembarque ao longo da costa norte de Itália, o que significa que os barcos precisam de mais tempo para regressar ao mar depois de trazer para terra, em segurança, os resgatados, muitas vezes centenas de migrantes.


Equipes de resgate recuperam corpos do naufrágio. Fev.2023. Foto: AFP


As organizações humanitárias lamentaram que a repressão inclua também uma ordem para que os barcos de caridade não permaneçam no mar após uma primeira operação de salvamento, na esperança de efetuar salvamentos adicionais, mas que se dirijam imediatamente para o porto de segurança que lhes foi atribuído. Os violadores enfrentam duras multas e a confiscação do navio de salvamento.

Os partidos da oposição apontaram a tragédia de domingo como prova de que a política de migração italiana apresentava falhas graves.


“Condenar apenas os contrabandistas, como faz agora o centro-direita, é hipocrisia”, disse Laura Ferrara, uma legisladora do Parlamento Europeu do Movimento Populista 5-Estrelas. “A verdade é que a UE não oferece hoje alternativas eficazes para aqueles que são forçados a abandonar o seu país de origem”, disse.


O Presidente italiano Sergio Mattarella observou que muitos dos migrantes que arriscam as suas vidas em barcos não navegáveis vêm do Afeganistão e do Irã “fugindo de condições de grande dificuldade”.

Mattarella apelou à União Europeia para “finalmente assumir concretamente a responsabilidade de gerir o fenômeno migratório para o retirar dos traficantes de seres humanos”. Disse que a UE deveria apoiar o desenvolvimento em países onde os jovens que não vêem futuro decidem arriscar viagens marítimas perigosas para o que esperam ser vidas melhores.


A Presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, tuitou que as mortes foram uma “tragédia” que a deixou “profundamente entristecida”.

“Devemos redobrar os nossos esforços no Pacto da UE sobre Migração e Asilo e no Plano de Ação sobre o Mediterrâneo Central”, disse.


Com informações de França, AP e AFP



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Sou Rosinha Martins, missionária scalabriniana.

Atuo no jornalismo, na educação, na acolhida, promoção, proteção e integração de migrantes

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