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Foto do escritorRosinha Martins

Jornalista rebate vereador gaúcho por discurso racista e xenofóbico



POR ROSINHA MARTINS

RM notícias


Natural de Salvador, BA, a jornalista Jéssica Senra rebateu o discurso xenofóbico do vereador Sandro Fantinel (sem partido), de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, que, irritado com a repercussão do resgate de empregados em situação de escravidão, trouxe à tona, mais uma vez, intolerância (des)velada do sul contra o restante do país. “Esse vereador ficou revoltado porque os trabalhadores escaparam e denunciaram as condições degradantes. A gente até toca tambor muito bem, temos praias lindas, mas essa não é a nossa única cultura não, viu vereador. A nossa cultura é, também, de não se deitar para autoritários, para tiranos, para senhores de engenho”, enfatizou.


Vale lembrar que 70% da população daquela cidade votaram no ex-presidente da República, cujo discursos e atos, nos últimos quatro anos, tem acordado no povo brasileiro o racismo, o ódio à diferença que sempre existiu no país da Santa Cruz, porém de forma disfarçada, recreativa e violenta. O bolsonarismo ajudou o Brasil a ter coragem mostrar a sua verdadeira face e o que se vê todos os dias no cotidiano do brasileiro são essas situações constrangedoras que tem suas bases mais profundas no racismo sistêmico implantado nos períodos da colonização.


Leia a íntegra da fala da jornalista Jéssica Senra e ouça o podcast:








Estado construído com a força de pobres imigrantes


Agora veja a ironia: o Rio Grande do Sul foi um Estado colonizado por imigrantes europeus, especialmente os alemães e italianos. Esses imigrantes não eram pessoas ricas que vieram investir no Brasil. Ao contrário, eram pessoas fugindo de crises econômicas na Europa e que receberam inúmeros benefícios do Brasil para se instalarem, desde a passagem à custa do governo brasileiro, concessão de terra, subsídio financeiro, até roupas e animais para criar. Hoje esse vereador de um Estado construído com a força de pobres imigrantes discrimina pessoas humildes em busca de oportunidade de trabalho ignorando sua história. Se crê superior social e economicamente.


Xenofobia: comportamento excludente


A xenofobia é aquele comportamento que exclui, que difama as pessoas com base na percepção de que são estrangeiras na comunidade. É a aversão, a antipatia, o medo diante de quem vem de fora, muitas vezes atrelada a uma ideia equivocada de que os estrangeiros representariam prejuízo ao sucesso econômico do cidadão ou de uma região ou país. Medo da escassez, da crise econômica somados a preconceitos e estereótipos geram esse ódio. Eu costumo dizer que o preconceito á antes de tudo ignorância. Acredito que os preconceitos costumam ser alimentados por comentários discriminatórios por falta de conhecimento. O racista, por exemplo que aqui no Brasil diminui pessoas pela cor da pele geralmente não conhece toda a riqueza e beleza da cultura negra.


Mas o escritor mineiro Luis Rufato diz que há uma importante diferença entre ignorância e burrice. Enquanto a ignorância é falta de conhecimento sobre determinado assunto, a burrice é a incapacidade de compreender a realidade por teimosia ou arrogância. Ou seja, a ignorância é justificada muitas vezes por causa da baixa escolaridade, da deficiência do sistema de ensino, já a burrice é imperdoável porque está nas pessoas que se apegam a ideias preconcebidas, a preconceitos, independentemente do nível de instrução ou classe social a que pertence.


Complexo de superioridade x burrice


A burrice costuma vigorar em locais permeados pela intolerância, por essa sensação equivocada de superioridade. Para a ignorância o antídoto é o conhecimento, já para a burrice, é necessária uma forte repressão social nesse caso, com punições exemplares, como por exemplo, e no mínimo, a perda de mandato deste homem que se mostra indigno de representar um povo miscigenado como o povo brasileiro”.


Cordel sobre o preconceito. Por Braulio Bessa








O caso


Na terça-feira (28), o vereador Sandro Fantinel (agora sem partido) se dirigiu à tribuna da Câmara de Vereadores e pediu que empresas "não contratem mais aquela gente lá de cima", se referindo a trabalhadores vindos da Bahia. A maioria dos trabalhadores contratados para a colheita da uva veio do estado nordestino.



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Sou Rosinha Martins, missionária scalabriniana.

Atuo no jornalismo, na educação, na acolhida, promoção, proteção e integração de migrantes

e refugiados. 

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