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Foto do escritorRosinha Martins

“Trago nas veias o sangue do açoitado e do açoitador”, afirma Chico Buarque



POR ROSINHA MARTINS

Durante o discurso por ocasião da recepção do principal prêmio de literatura em língua portuguesa, o Prêmio Camões, no Palácio Queluz, em Lisboa, Portugal, nesta segunda-feira, 24 de abril, o cantor, músico, dramaturgo e escritor brasileiro, Chico Buarque de Holanda, de forma elegante, "cutucou o diabo com a vara curta" ao recordar aos portugueses os efeitos e as consequências da colonização portuguesa, quando disse que o sangue negro e indígena que traz nas veias, seus pais fizeram questão de apagar. “Tenho antepassados negros e indígenas, cujos nomes cujos nomes meus antepassados brancos trataram de suprimir da história familiar”, enfatizou.


Em tempos difíceis, pelos quais passa a sociedade brasileira, marcada pelo racismo, a fala de um personagem como Chico Buarque, faz toda a diferença, eleva o povo afro-brasileiro e o incentiva a esperançar.


Em seu discurso, Chico aproveitou, também, a ocasião, para provocar os portugueses a reparar erros históricos, - causados aos seus descendentes judeus durante a Inquisição -, concedendo-lhe cidadania portuguesa. “Recuando no tempo em busca das minhas origens, recentemente vim a saber que tive por duodecavós paternos o casal Shemtov ben Abraham, batizado como Diogo Pires, e Orovida Fidalgo, oriundos da comunidade barcelense. A exemplo de tantos cristãos-novos portugueses, sua prole exilou-se no Nordeste brasileiro do século XVI. Assim, enquanto descendente de judeus sefarditas perseguidos pela Inquisição, pode ser que algum dia eu também alcance o direito à cidadania portuguesa a modo de reparação histórica”.


Ouça o discurso de Chico







O Prêmio Camões


O prêmio Camões é a mais importante premiação da língua portuguesa e contempla anualmente autores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Seu nome é uma homenagem ao poeta português Luís de Camões (1524-1580), uma das maiores figuras da literatura lusófona. O Prêmio surgiu em 1988 para consagrar um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural do idioma, segundo o Ministério da Cultura.


Outros 33 escritores foram homenageados: 14 do Brasil, 14 de Portugal, 3 de Moçambique, dois de Angola e dois de Cabo Verde (José Luandino Vieira, vencedor em 2006, é luso-angolano; ele recusou o prêmio). Entre os brasileiros laureados, estão Raduan Nassar (2016), Ferreira Goulart (2010), Lygia Fagundes Telles (2005), e Jorge Amado (1994).

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Sou Rosinha Martins, missionária scalabriniana.

Atuo no jornalismo, na educação, na acolhida, promoção, proteção e integração de migrantes

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